sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Música em MP3 tem qualidade?




Música pra mim sempre foi muito mais que um prazer, ou muito mais que uma terapia como diriam alguns. Música pra mim sempre foi uma necessidade básica, como comida, água sexo e ar. Não necessariamente nessa ordem.
Meu primeiro disco foi Rubber Soul dos Beatles, que herdei do meu irmão mais velho, (pra não dizer que ele nunca me deu nada de bom) ouvi incessantemente até perceber que com o tempo os chiados iam ocupando o lugar da musica. De lá pra cá o modo de ouvir musica mudou, os anos 70 vieram e trouxerem o som stéreo, junto com as bandas de rock progressivo e as viagens psicodélicas.
Quem nunca ouviu The Dark Side of the Moon num aparelho com quatro caixas acústicas? Era uma viagem bicho! Podes crer...
Ai criaram o cd com a promessa de um som mais puro, sem os chiados naturais do vinil, um tamanho menor, diminuindo em muito a beleza das capas. O vinil tem admiradores e incontestáveis defensores até hoje. Não obstante ser um ouvinte exigente no que diz respeito à qualidade musical em si, sempre fui um ouvinte médio quanto à qualidade dos equipamentos reprodutores, primeiro era uma vitrolinha mono quando ouvia Beatles, Simon e Garfunkel, Cat Stevens e outros. Depois foi um gravador de fita cassete portátil que era ligado numa caixa acústica que dava um baita sonzão. Nessa época já ouvia Pink Floyd, Black Sabbath, Yes, Creedence Clearwater Revival, Secos & Molhados, Raul Seixas, Rita Lee, Deep Purple, Bob Dylan, Rick Wakeman, Focus... e por ai a fora, sempre uma banda levando a outra. Nos anos 80 apareceu o cd trazendo uma qualidade sonora que nos dava a nítida impressão de estar ouvindo os caras tocando ali, junto com vc! Eu tinha um cd do Caetano de voz e violão, que às vezes o imaginava ali na sala tocando seu violão, cantando e bebendo da minha cerveja. A qualidade do cd ainda é impressionante. Mas isso todo mundo já sabe.
Cheguei a ter cerca de 600 CDs entre MPB, Rock, Clássicos, Blues e Jazz. Quando me separei, a “ex” num acesso de fúria escondeu a grande maioria de meus CDs na casa de alguma amiga ou coisa que o valha, com a clara intenção de me atingir naquilo que sabia ser uma das minhas grandes paixões. E obviamente atingiu, de forma bem profunda. É preciso esclarecer que tinha CDs raros, importados que namorei por meses antes de ter a grana pra comprar.
Sempre torci o nariz pra cd pirata que não tem a capinha, o encarte, o cheiro de novo e o prazer material de tocar com as mãos aquilo que se está ouvindo. O gostinho besta de mostrar pra um amigo um cd raro que ele não tinha.
Mas o mp3 me possibilitou duas coisas importantes: 1 – recuperar mesmo que no formato virtual os álbuns que me foram arrancados; 2 – fazer download de álbuns que nunca encontrei em lojas. Coisas tipo Manfred Man, P.J. Harvey, Patti Smith, Velvet Underground, Marco Antonio Araujo. E tantas outras com a vantagem de deletar simplesmente o que não gostava.
Com o tempo a agilidade e facilidade com que se manipula as musicas que se quer ouvir no PC, ou no aparelhinho de mp3,tornaram o ato de ouvir musica uma coisa bastante confortavel e seletiva, perdeu-se o hábito de ouvir um album inteiro, pra se valorizar o que se pagou por ele.
Há quem diga que o formato mp3 perde em muito em qualidade, honestamente, meu ouvido não percebe tanta diferença.
E os direitos autorais? Bom, em primeiro lugar, acho que pirata é quem baixa música ou outro tipo de arquivo da internet pra auferir lucros. O que definitivamente não é o meu caso e nem de tanta gente por ai, além disso, a grande maioria das pessoas que baixa música da net, Provavelmente jamais compraria o cd, se não o pudesse baixar, ou seja impedir que as pessoas baixem música, não necessariamente vai aumentar a venda de cds. E muito provavelmente não teríamos a oportunidade de ouvir tanta coisa interessante.