domingo, 11 de setembro de 2011

Cometas que aborrecem


Nas duas ultimas décadas, vivemos um período triste para o cancioneiro nacional. Coincide com o tempo da redemocratização – como se nossos melhores compositores da chamada música popular brasileira só produzissem bem quando oprimidos. Mas não é só isso: ao que tudo indica a máquina da indústria musical centrou baterias em torno da produção comercial. Daí a proliferação das duplas ditas sertanejas (e que de sertão nada tem) e dos pagodes em que (nos dois casos) qualidade melódica ou de textos é o que menos conta.
A isso, sim, não se pode chamar de arte, mas de “empreendimento no ramo musical” Empreendedorismo...
Aliás, empreendedorismo é uma palavrinha bem mal concebida. Hem? Se a coisa se refere a “empreender”, deveria derivar daí, Mas é da moda destes últimos vinte anos inventarem palavras, ao mesmo tempo em que as massas se deixam levar pela mídia que superlota shows de um menino cantor que diz: “um beijo fala mais que mil palavras/ um toque é bem mais que poesia”. O primeiro verso cai bem, mas o segundo...
Bem a letra inteira, e a musica em seu todo, são de gosto duvidoso. Ou sofrível, como diria um velho mestre meu, sempre com o cuidado de não ofender o jovem e muito bem pago cantor (respeito-o, e lamento que a máquina financeira faça dele um boi de exposição), mas ele não respeita meus ouvidos.
Quer outro exemplo? Paula Fernandes. Sim todo mundo gosta dela, eu também gosto. Qual é o problema então? O problema é a onipresença da cantora que está em toda parte, desde os carros de playboys ultra super equipados com equipamento sonoro que faz tremer nossas janelas, (como se o prazer de ouvir música precise ser também o prazer de infernizar o ouvido alheio.) até os botecos chamados “copo sujo” onde sempre tem um DVD da dita moça cantando todos os dias! Não estou discutindo a qualidade musical da moça, vá-lá, ela até que canta direitinho, mas experimente ouvir o dia todo e em todo lugar...
Cadê o prazer de pegar um cd que você gosta e colocar no som pra ouvir, depois de muito tempo? Mesmo sem ter vontade nenhuma, já ouvi Paula Fernandes e Luan mais vezes que gostaria, e acho até que mais vezes que ouvi Beatles na minha vida, e isso não é prazer ai já é tortura.