Então é assim que acontece: uma pessoa vem e abre as janelas, muda as estações, muda o clima, faz chover em dias de sol, faz o seu mundo girar ao contrário, e te dá novamente à sensação de ser criança, te faz voltar à idade da inocência, te faz perder o senso comum, até porque, a partir daí tudo o que acontece é fora do comum, é novo e parece acontecer em uma outra dimensão. Ai temos a nítida impressão de que estamos diante de nossa alma gêmea, alguém sem nada a ser mudado, “A mulher ideal existe mesmo?” você se pergunta. Aquela que sem pedir licença chega e se instala como se sempre estivesse ali, dona e senhora da situação, sabe quase tudo de você, inclusive detalhes íntimos “como fui me abrir assim? “ Você se pergunta. Mas fica pior, ou melhor, depende do referencial adotado, ou depende de como você quer viver: Feliz enquanto puder, por mais breve que seja esse “ser feliz”, ou ser feliz pra sempre na calmaria de uma vida sem sobressaltos, sem dúvidas, sem medo de se machucar e tudo sob o mais absoluto controle.
Não acaba só na impressão... O tempo passa, e você descobre entre assustado e incrédulo que essa pessoa é sim, tudo o que você imaginou e ainda mais, por mais que você desconfiado procure, não encontra defeitos, nem manias desagradáveis, nada que te faça fugir entre aliviado e infeliz.
E agora você se pergunta: “Embarco nessa e vou viver o amor da minha vida de forma plena e inteira, ou vou fugir assustado com medo de me afogar na imensidão desse amor e me esconder” justificando que isso é só um sonho, uma ilusão, que essa coisa de alma gêmea, de mulher ideal, é coisa de poetas, de espiritualistas leitores de Alan Kardec, e que na vida real o buraco é bem mais em cima, ou seja, no coração, que é onde vai ficar o imenso rombo quando tudo se acabar... E o sangramento é grande é bom saber, quando se acordar, quando a princesa virar a bruxa má e der na sua cabeça com a sua vassoura.
Sinceramente, eu prefiro me sentar firmemente na garupa dessa vassoura mágica agarrado a cintura da minha bruxa e me deixar levar pelos sétimos, oitavos e quantos mais céus houverem pra se ver, e sentir. Ela gosta de dizer que é minha distração, mas acaba sendo verdade, porque não consigo pensar em outra coisa, a não ser no sorriso dela, no jeito doce de ser, na sua risada estridente na noite, quando senhora da situação, se faz de menina mimada, manhosa, carente e eu acredito e termino por fazer tudo o que ela quer.
Com ela aprendi que a felicidade é algo assim como um sorvete, você precisa degustar de olhos fechados, até o fim, sentindo na língua inteira, todo o gosto que ele pode te dar. E não importa o quanto dure, o que importa é a imensa sensação de eternidade que pode durar pra sempre.